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Comer brócolos reduz o risco de cancro do cólon

Comer brócolos reduz o risco de cancro do cólon

30 de Agosto de 2025

O cancro colorretal continua a ser um dos tipos de cancro mais diagnosticados globalmente, com quase dois milhões de novos casos em 2022, o que o coloca como o terceiro tipo mais comum. O problema tem-se agravado entre indivíduos com menos de cinquenta anos, uma tendência crescente que se acredita estar relacionada com estilos de vida sedentários, o aumento da obesidade, consumo elevado de álcool, fatores ambientais e um padrão alimentar dominado por produtos ultraprocessados. Investigadores procuraram, portanto, identificar alimentos que pudessem contribuir para reduzir este risco crescente.
Num estudo recentemente publicado em BMC Gastroenterology, foi acrescentada uma nova perspectiva promissora: o consumo regular de vegetais crucíferos, especialmente brócolos, couve-de-bruxelas e couve-flor, pode estar associado a uma redução do risco de cancro do cólon. Os investigadores analisaram dados de 17 estudos, envolvendo mais de 97 mil participantes com cancro colorretal. Comparados com aqueles que ingeriam menos destes vegetais, os que consumiam entre 20 e 40 gramas por dia tinham um risco cerca de 20 % inferior de desenvolver este tipo de cancro.
A partir de cerca de 20 gramas diários, o efeito protetor começa a emergir, atingindo o nível máximo de benefício entre os 20 e os 40 gramas. A partir dos 40 até aos 60 gramas, esse efeito estabiliza sem ganhos significativos adicionais, e além dos 60 gramas por dia não se observaram benefícios suplementares à prevenção. Estes vegetais são ricos em compostos protetores como glucosinolatos, que durante a digestão se transformam em isotiocianatos, substâncias que desempenham um papel chave na prevenção do cancro ao desactivar enzimas que ativam carcinogénios, induzir a morte programada de células danificadas e inibir o desenvolvimento de vasos sanguíneos que alimentam tumores. São ainda fonte de fibra, vitamina C, carotenos, flavonoides e outros micronutrientes que, em conjunto, contribuem para a manutenção de um ambiente intestinal saudável.
Os especialistas ressaltam que a redistribuição entre gerações e alterações alimentares mais radicais nas últimas décadas têm sido apontadas como fatores que explicam o aumento de cancro colorretal em faixas etárias mais jovens. Nesta conjuntura, acrescentar uma porção diária de vegetais crucíferos pode representar uma medida prática de prevenção. No entanto, ressalvam que são necessários mais estudos que validem e aprofundem estas observações, uma vez que muitos dos dados disponíveis provêm de estudos observacionais e de designs variáveis.
Especialistas não envolvidos no estudo apontaram a relevância destes achados desde que olhados com prudência. A diminuição do risco em cerca de um quinto é estatisticamente significativa e tem potencial para gerar hipóteses sobre mecanismos de prevenção dietética a aplicar em estratégias de saúde pública. De igual modo, sublinharam que dificilmente se encontra explicação para o aumento dramático dos casos entre os mais jovens sem considerar fatores ambientais e comportamentais, entre os quais a dieta figura predominantemente.
Embora o sabor ou a textura dos vegetais crucíferos possam não agradar a todos, várias estratégias culinárias, tais como cozinhá-los levemente a vapor para preservar compostos como sulforafano, adicionar especiarias ou integrá-los em sopas, saladas e pratos mistos — podem facilitar a sua introdução diária. De salientar que 40 a 60 gramas correspondem aproximadamente a meia chávena de brócolos picados, o que torna esta medida bastante viável no cotidiano.
Estes vegetais não oferecem apenas proteção contra o cancro colorretal. Estudos precursores já os associaram a riscos reduzidos de outros tipos de cancro, como o de pulmão, próstata, bexiga ou ovário e a benefícios para a saúde cardiovascular, incluindo redução da pressão arterial e do colesterol, devido à presença de nitratos, vitamina K e antinflamatórios naturais. Toda esta evidência reforça o papel multifacetado dos vegetais crucíferos no reforço dos mecanismos naturais de defesa do organismo.
Em resumo, embora o cancro colorretal começe a surgir mais cedo em determinadas populações, as escolhas alimentares continuam a oferecer ferramentas acessíveis de prevenção. Consumir diariamente 20 a 40 gramas de vegetais crucíferos, como brócolos ou couves, constitui uma estratégia simples e potencialmente eficaz para reduzir o risco de tumor colorretal. Este efeito, em conjunção com outras boas práticas como manter uma dieta equilibrada, rica em fibras, limitar carnes processadas, manter atividade física, controlar o peso e participar em rastreios regulares, forma uma abordagem sólida para preservar a saúde intestinal e geral.
Estes resultados não só reforçam a importância de intervenções dietéticas simples mas também apontam para uma cultura alimentar que promova o consumo de vegetais integrais e variados, capaz de actuar em múltiplos níveis na prevenção de doenças graves ao longo da vida.

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