Uma investigação recente destaca a importância dos hábitos de vida na proteção do coração durante a transição da menopausa, realçando quatro comportamentos-chave que podem influenciar significativamente o risco de desenvolver doenças cardiovasculares e mortalidade. O estudo, que analisou dados de aproximadamente três mil mulheres com idades em torno dos 46 anos ao longo de vários anos, revela que o estilo de vida nesta fase da vida tem um impacto profundo no futuro da saúde do coração.
Quando se avaliaram os oito componentes do modelo conhecido como “Life’s Essential 8” da American Heart Associatio, que inclui alimentação, atividade física, não fumar, qualidade do sono, índice de massa corporal, lípidos sanguíneos, glicémia e pressão arterial, quatro deles destacaram-se como os mais determinantes para prever risco cardiovascular: níveis de glicose no sangue, pressão arterial, qualidade do sono e consumo de nicotina. Destes, o sono emergiu como um fator preditivo particularmente sólido para doenças cardiovasculares a longo prazo e mortalidade geral, embora não tivesse tanta influência sobre alterações subclínicas nas artérias carótidas.
A maioria das participantes não atingia um padrão ótimo nestas áreas, com apenas uma em cada cinco mulheres a cumprir os critérios considerados ideais. A conclusão clara dos investigadores foi de que melhorar a qualidade do sono durante a meia-idade pode ser uma estratégia valiosa para proteger o coração e prolongar a longevidade .
O sono é vital para os processos de reparação física e mental, e a sua ausência está relacionada com o aumento dos níveis de cortisol e da pressão arterial, elevando o risco cardiovascular. As distúrbios do sono, como insónia crónica, poucas horas de descanso ou apneia, são concorrentes diretos na deterioração da saúde cardíaca .
Além do sono, deixar de fumar representa outro pilar essencial na prevenção de doenças cardíacas, dado que o tabagismo acelera o processo de aterosclerose e obstrução das artérias, aumentando a mortalidade cardiovascular .
A pressão arterial elevada e a glicemia mal controlada também se revelaram preocupantes na amostra analisada, com ambos os fatores a mexer significativamente no risco futuro. Pressão arterial acima de 130/80 mmHg e níveis de açúcar no sangue superiores a 100 mg/dL em jejum são indicadores de alerta relacionados com complicações cardíacas e metabólicas .
O impacto negativo destes fatores pode ser parcialmente atenuado por intervenções simples, acessíveis e eficazes. Atingir entre sete a nove horas de sono de qualidade por noite, não fumar, manter a pressão arterial e a glicemia controladas são comportamentos com efeitos comprovados na saúde cardíaca .
Segundo os resultados, durante a menopausa, cada um destes hábitos pode actuar como um escudo natural. Melhorar o sono permite regular hormonas do stress, pressão arterial e inflamação sistémica; deixar de fumar reduz o risco de obstrução dos vasos; e controlar pressão e glicemia diminui os fatores directos da patologia cardiovascular. O estudo reforça a necessidade de as mulheres permanecerem atentas aos sinais do corpo nesta fase de transição, reconhecendo que pequenas mudanças podem gerar benefícios substanciais a longo prazo .
Por fim, trata-se de uma chamada à ação preventiva. Embora cada um destes hábitos seja poderoso por si só, a combinação entre sono regular, cessação do tabagismo, controlo da pressão arterial e controlo glicémico compõe uma base robusta para reduzir o risco de doença cardiovascular durante e após a menopausa. Ao olhar para o sono como parte integrante da saúde do coração, abre-se caminho para abordagens mais conscientes, eficazes e duradouras, capazes de prolongar não só os anos de vida, mas também a sua qualidade.